Nós sabemos que a transformação digital tem o potencial de dobrar taxas de crescimento e lucratividade, já vimos e fizemos acontecer mais de uma vez. Nós sabemos também que a transformação digital é crucial para a sobrevivência das organizações nestes tempos de mudanças tão aceleradas.

Pesquisa da Harvard Business Review de julho 2020 mostrou que para mais de 82% dos executivos, a transformação digital é prioridade na sua lista de tarefas e preocupações. Números semelhantes foram encontrados nas pesquisa da Gartner e Acorio, onde 83% dos executivos consideraram a transformação digital uma prioridade.

O que defendemos é que primeiro precisamos mudar a mentalidade e forma como abordamos o problema digital, acreditamos que transformação digital não é apenas um projeto isolado, com início, meio e fim. O start da transformação digital é definitivamente um projeto, mas tudo aquilo que vem depois é muito mais do que o primeiro start.

Precisamos atuar e alinhar todas as áreas da organização, os líderes precisam trabalhar em conjunto e com ajuda de especialistas, sendo crucial que tecnologia, sistemas, processos e pessoas sejam interligados em um nível cada vez maior.

Devemos sim digitalizar a organização, mas a digitalização que buscamos precisa se alinhar à cultura da organização, ou seja, temos que incluir a transformação digital dentro da cultura organizacional. No fim do dia, são as pessoas que serão a chave para o sucesso do projeto de transformação digital sustentável.

Missão e propósito podem e devem ser revistos para melhor se adequar a mudança cultural, incluir algum fator tecnológico mesmo que subjetivo ou implícito dentro da missão e propósito torna-se um pré requisito para o sucesso de longo prazo da transformação.

Alguns autores e futuristas famosos com futurista pessoal de Bill Gates, Ray Kurzweil, Ex Microsoft MSFT -0.20 e atualmente engenheiro de Inteligência artificial no Google GOOG 1.35, e Gordon Moore da Intel INTL 1.91, criador da lei de moore, acreditam no crescimento exponencial da tecnologia. 

Esses futuristas e muitos de seus pares no vale do silício, preveem que o avanço tecnológico dos próximos 20 anos será maior que todo avanço tecnológico do último século combinado. Embora alguns afirmem que a lei de moore tenha sido desbancada, acreditamos que ela continua muito forte se considerarmos outros fatores além da simples miniaturização, como performance por watt, por dólar e por área com o novo 3d stacking, e ascensão das gpus e arquiteturas especializadas como ARM e RISC-v. 

O argumento principal de grande parte destes futuristas é que toda nova tecnologia criada é utilizada como ferramenta e alavanca para a criação e o lançamento da próxima grande tecnologia, em um ciclo que se retroalimenta sem nunca parar.

Para nós, líderes de negócios, a constante aceleração tecnológica e mudança cultural, significa mais e mais desafios no que diz respeito ao potencial de transformação digital existente nas nossas organizações. E se tecnologia movimenta a cultura, é de se esperar também uma contínua aceleração no que diz respeito a instabilidade política, jurídica e regulatória das nações. Não é apenas a tecnologia que muda de forma acelerada, é também a política, as leis e a sociedade como um todo. Nós precisamos nos preparar para a chegada destes impactos, principalmente se trabalhamos em organizações que têm maior exposição a compras do governo, subsídios e políticas regulatórias. 

E mais do que isso, esses avanços tecnológicos que se retroalimentam, demonstram claramente que existem ciclos de adoção e aceleração tecnológica. Ou seja, se perdemos o timing de um ciclo, corremos o risco de ficarmos consideravelmente atrás da concorrência durante este e os próximos ciclos. Seja em termos tecnológicos, seja em termos cultural e político social, arriscando colocar em risco a lucratividade e capacidade de inovação e crescimento das nossas organizações.

Veja bem, o timing não diz respeito apenas a tecnologia em si, mas o mais importante, diz respeito às pessoas e a velocidade com que contratamos e treinamos pessoas para lidar com as novas tecnologias, desafios e mudança cultural que vem com ela. Leva tempo para mudar uma pessoa e uma cultura, muito mais do que o tempo necessário para mudar um software ou incluir e modificar processos na organização. Estamos vendo isso acontecer com o caso Elon Musk Tesla TSLA -2,37 vs Resto da Indústria Automobilística mundial, os concorrentes estão tão atrás da Tesla em termos de tecnologia, cultura e principalmente pessoas, que está difícil não perceber que ao menos metade deles não vai conseguir sobreviver ao início do próximo ciclo. 

Considere o atraso de tantas grandes empresas em adotar as redes sociais e o e-commerce na última década, veja o que aconteceu com praticamente todos os retardatários. E agora já estamos vendo o mesmo acontecer neste último ciclo com a adoção cloud, big data, machine learning e social commerce, todas com muitos retardatários. E para os próximos anos temos confirmados deep learning, blockchain, augmented reality, gamificação e smart automation, que já são uma realidade para os pioneiros.

A mensagem final é, nossa transformação digital é apenas o início daquilo que está por vir, portanto se vamos realmente levar o assunto a sério, precisamos de um projeto que após o seu início, meio e fim, se incorpore à cultura da organização, se retroalimentando, ciclo após ciclo.

Se você é um retardatário ou se sente estagnado, está na hora de fazermos algo para consertar isso, não podemos permitir que dois ciclos se somem, o risco existencial para a organização é muito grande.