ACDMP - Insights
December 22, 2021
Tecnologia
Investidores top de linha estão mais politicamente corretos e preocupados com suas imagens e principalmente seus investimentos, e isso pode ser visto na enorme taxa de crescimento dos fundos ESG(environmental, social and governance principles). Fundos que investem apenas em empresas socialmente responsáveis.
Fundos ESG só investem em negócios e marcas que aplicam e perseguem elevados critérios de sustentabilidade, e por incrível que pareça, estes são os fundos que estão obtendo maior crescimento de mercado nos últimos anos, mais de 100% apenas em 2021(2).
Um argumento final, o maior fundo de investimentos do mundo, o noruegues GPFN com mais de U$1.3 trilhões em ativos, não investe mais em negócios de combustíveis fósseis, armamentos, carvão e tabaco(1). E o GPFN serve de benchmark para outros fundos que vem adotando medidas semelhantes em relação investimento em nichos e produtos tão simples e mundanos como fast food, álcool e até mesmo refrigerantes.
Resultados do último acordo de Glasgow demonstram que o movimento político cultural em favor do combate à mudança climática e busca por maior sustentabilidade atingiu um certo momento de ruptura. Ao que tudo indica a pressão política em busca do net-zero só tende a aumentar nos próximos anos, com os governos já se vendo obrigados a ceder e se comprometer com metas mais ousadas.
Algumas decisões importantes foram jogadas para 2022, mas no geral o resultado da COP26 foi muito positivo e serve como um indício que aponta para o futuro mais verde e sustentável que está por vir.
Veja bem, não são os governos que desejam a mudança, e sim os consumidores e a cultura moderna. Se fosse apenas algo vindo dos governos, então países como China e Rússia não precisam se comprometer com praticamente nada, em vez disso o que vimos foi o oposto, China foi um dos países que mais avançou em termos de comprometimento nesta rodada da COP.
Consumidores e Investidores já vem a algum tempo demonstrando preferência por organizações mais verdes e sustentáveis. Grandes marcas já entenderam o recado em vem trabalhando forte no quesito de sustentabilidade a alguns anos(embora muitas apenas no marketing), mas a grande maioria dos pequenos e médios negócios ainda não entrou no jogo.
O que estamos notando no mercado é que essa preferência dos investidores e consumidores está aos poucos se transformando em exigência, principalmente nos mercados e centros urbanos mais desenvolvidos. Consumidores e investidores mais educados não estão mais apenas buscando o mais barato, eles agora estão buscando também o mais verde, mais sustentável e mais responsável.
Marcas e organizações que não se posicionarem de forma mais séria em relação ao combate à mudança climática e ações pró sustentabilidade e responsabilidade social, já estão perdendo mercado e talentos para os concorrentes que saíram na frente.
Agora que a COP26 sancionou o mercado de créditos de carbono internacional, mais do que nunca será importante as organizações adotarem medidas para se tornarem carbono neutras. Prevemos que em menos de uma década empresas não carbono neutras terão extrema dificuldade em adquirir novos clientes, parceiros e talentos no mercado, e como nenhuma mudança pode ser implementada da noite para o dia, melhor começar logo.
Também é extremamente provável que os governos criem mais tarifas, barreiras e impostos adicionais para aqueles que não se descarbonizarem em tempo hábil. Resumindo, as organizações podem começar a mudar por vontade própria agora, obtendo vantagem competitiva, ou deixar isso para depois, onde terão de enfrentar o chicote regulatório e perda de valor de mercado e marketshare.
Embora ainda seja possível utilizar o marketing e preços baixos para “enrolar” os consumidores por mais algum tempo, as coisas já estão bem diferentes no mercado de trabalho, alguns profissionais já estão utilizando o critério de sustentabilidade no momento de selecionar os seus novos empregadores.
O argumento é de que se a organização ainda é tão insensível quanto a fatores tão básicos quanto mudança climática, sustentabilidade e responsabilidade social, então a mesma provavelmente adota o mesmo padrão de comportamento ao lidar com a saúde e bem estar de funcionários e colaboradores.
Investidores também têm adotado este tipo de lógica mais seletiva a algum tempo, com alguns já eliminando certos tipos de empresas e até mesmo indústrias inteiras de seu portfólio.
Mudança climática, sustentabilidade e responsabilidade social já não são mais apenas o problema dos outros, ou adotamos um posicionamento proativo em relação a estas questões, ou corremos o risco de pagar um preço muito elevado quando já for tarde demais.
Vamos pontuar novamente, os custos de aquisição de clientes estão crescendo vertiginosamente em todos os mercados, muitas marcas e organizações serão jogadas para fora de certos canais e mercados em pouco tempo. E qualquer coisa que possamos fazer para reduzir estes custos de aquisição e se possível ao mesmo tempo ampliar as taxas de retenção de clientes é não só importante como também crítica para a manutenção do crescimento, lucratividade e sobrevivência do negócio.
Seguimos agora com duas recomendações, as quais já podem ser imediatamente incluídas nas operações do negócio, gerando um ROI positivo já no primeiro ano ou até mesmo nos primeiros meses.
Começar com iniciativas internas que miram o carbono neutro para uma determinada escala temporal, seja ela 2 anos ou 8 anos. Plantar árvores, reciclar lixo, eliminar papel, adotar uma área verde, adotar computação mais eficiente, não falta boas ideias, das mais simples às mais complexas.
Obviamente não precisamos nós mesmos plantar árvores, ou adotar 100% de energia renovável em toda a cadeia produtiva. Existem fornecedores e organizações especializadas em plantio de árvores, aluguel de zonas de proteção ambiental e venda de créditos de carbono.
Temos uma equipe capacitada para lhe ajudar em todas as etapas para obter a neutralização e compensação de carbono. Estratégia, planejamento, execução, obtenção de certificados e eficiente comunicação das ações realizadas pela empresa, tanto para o público interno quanto externo.
Para a maior parte das empresas e negócios este tipo de investimento se paga em pouco tempo, e os resultados positivos são observados em diversas frentes. Não apenas em sua imagem pública e sentimento positivo entre clientes e em redes sociais, mas também na moral interna e sentimento positivo entre colaboradores, investidores e parceiros.
Os benefícios são muitos e recomendamos fortemente este tipo de investimento, se não pelos resultados de curto prazo, então pelos resultados de longo prazo para um futuro que inevitavelmente vai chegar.
Responsabilidade social é um tema que merece ser inserido de uma forma mais profunda e definitiva na cultura organizacional, de preferência dentro da missão e propósito da organização. Responsabilidade social não pode ser um projeto isolado, deve ser um continuum que questiona as ações da organização e a saúde do seu relacionamento com a economia e sociedade como um todo.
Precisamos entender que não existe almoço grátis, para toda ação existe uma reação, se a organização só tira da sociedade, mais cedo ou mais tarde a sociedade cobra o preço. Seja através de algo mais macro como uma crise política, econômica, social. Seja com algo mais simples e direto como a simples preferência por um concorrente de melhor "aparência", uma vez que existe a percepção sobre aquilo que é real, e sobre aquilo que é percebido.
O investimento em responsabilidade social precisa ser visto como uma necessidade dentro da organização, e não apenas um projeto ou um conjunto de tarefas a ser executado. Nós é que decidimos a escala do nosso comprometimento e nível de investimento, e com uma boa estratégia e execução de alocação de recursos e comunicação é sim possível obter grande ROI sobre praticamente toda e qualquer atividade de responsabilidade social.
As atividades podem ser tão simples quanto doar produtos e serviços para organizações locais, como definir metas de geração de emprego e capacitação de público local. Podendo as iniciativas ser expandidas para apadrinhamento de escolas públicas e institutos técnicos, até distribuição de bolsas de pesquisa via parcerias PPP com universidades, polos tecnológicos e laboratórios de pesquisas.
Mesmas ações podem ser inicialmente ainda mais localizadas, em alguns casos a distribuição de bolsas de estudo de qualquer tipo, tecnologia, línguas, matemática ou STEM em geral. Podendo inicialmente ser ações limitadas a sorteio e processo seletivo dentro da própria organização, premiando apenas familiares de colaboradores com certo tempo de empresa.
E na outra ponta estas atividades e ações podem ser mais amplas, onde a organização participa mais ativamente da política e novos movimentos político culturais tanto em nível local quanto nacional.